22.10.11

Cortes na Educação para salvar os Rentistas

O mal-estar produzido pelo capitalismo em bases neoliberais na Europa, nos EUA e no mundo globalizado parece ser indiferente às autoridade da União Europeia. A célebre frase de Margareth Tatcher - there is no alternative - parece ter definitivamente obliterado os seus sentimentos em relação ao povo. Continuam impondo políticas econômicas e reformas institucionais, apesar da indignação popular já demonstrada pelos 99% da população excluida das benesses da altíssima rentabilidade dos investimentos improdutivos. 
Pouco lhes importa os gritos dos novos sujeitos políticos que as interpelam.
Aqui no Brasil, a ortodoxia neoliberal do governo Fernando Henrique Cardoso - que permitiu a mais selvagem concentração de rendas nas mãos de uma mínoria, a minimização do Estado, déficits de democracia e o processo de desindustrialização do país - não sobreviveu ao apelo popular que consagrou nas urnas a ascensão de Lula ao poder e sua continuidade com a eleição de Dilma Roussef. Apesar de ter mantido macroeconomicamente os mesmos princípios de seu antecessor, teve a sensibilidade necessária para implementar diversas políticas sociais e retomar o crescimento econômico. Milhões de pessoas sairam da linha de pobreza e o mercado interno foi ativado a ponto de a crise de 2008 ter sido considerado uma "marolinha". O Brasil foi o último país a sofrer as consequências da crise e o primeiro a sair dela.
Não é por outra razão que causa certa repugnância a insistência de cortes sociais em Portugal, sobretudo os cortes drásticos no corpo docente com contrato precário. Atingir a meta de poupança de 102 milhões de euros é mais importante do que a vida desses professores e a dos suas famílias. Se já estão precarizados, dá para imaginar a intensificação da precarização deles. Esta meta, pior ainda, é apenas 1/6 daquela que deverá ser atingida: menos 600 milhões de euros nas pastas de Educação e Ciência, o que em curto tempo significará a "supressão de ofertas não essenciais no ensino básico", conforme noticia a Revista de Imprensa (edição de 20/10/2011).

18.10.11

É hora de construção do futuro

A Marcha dos Indignados vai correndo celeremente, no Mundo e no Brasil. 

Os novos sujeitos ganham as ruas. Protestam contra todas as formas de exclusão produzidas pelo capital-imperialismo com a sua avidez de lucro máximo para os investimentos improdutivos. Não será pequena a fustigação do movimento às autoridades do Partido do Capital. Sim, é isso mesmo:. O capital é o partido majoritário em todos os parlamentos, em todas as sociedades globalizadas.
A mobilização mundial tem força para erodir as estruturas capitalistas em bases neoliberais que foram sendo construidas nos últimos 20 anos. Mas há uma pergunta que não quer se calar: o Movimento dos Indignados terá força para erguer as estruturas de uma nova sociabilidade? Que alternativas estão sendo propostas?
O dia seguinte exige responsabilidade dos novos sujeitos políticos, dos 99% de excluidos. A falta de alternativas imediatas e responsáveis pode abrir espaços para os arrivistas de plantão, os salvadores da pátria que aparecem como relâmpagos em momentos de convulsão. Também é possível estar sendo criado um ninho de serpentes.
A Marcha dos Indignados, por essa razão, não pode se constituir como um evento, com multidões alegres e barulhentas desfraldando bandeiras e com máscaras do V de Vingança. Não é hora de vingança. É hora de construção do futuro, de um futuro feliz para a vida de todos nós e do Planeta.

17.10.11

Marcha Mundial dos Indignados

Este sábado, 15 de outubro, não foi um sábado qualquer nem um simples Dia dos Professores; ele se pintou com um marco mundial. Mais de um milhão de pessoas de mil cidades do mundo saíram às ruas exigindo uma mudança global. Segundo o jornal Página 12, de Buenos Aires, não há antecedentes de uma manifestação tão cosmopolita com gente de sistemas de governo, culturas e lugares tão diferentes. Os protestos são contra a desigualdade política, os danos ao meio ambiente, a espoliação do capital financeiro, os bancos e a diminuição do poder das democracias nacionais.
Estas manifestações resultam de um mal-estar produzido pelo capitalismo em bases neoliberais que produz a mais selvagem e jamais vista concentração de riqueza nas mãos de uma minoria.  As manifestações havidas na Grécia, Inglaterra, Sidney, São Paulo, Lisboa, Paris, Roma não são isoladas; elas dialogam entre si, incluindo as manifestações dos estudantes chilenos. São completamente diferentes do movimento pequeno-burguês brasileiro contra a corrupção. Nada têm de lacerdismo, janismo ou da caça aos marajás ao gosto do Collor.
Muito pelo contrário. Elas têm uma nova dimensão política. Interpelam as autoridades, são horizontais e nascem a partir de baixo, dos 99% de excluídos econômicos, sociais, culturais e políticos. Constituem-se como uma autêntica frente extraparlamentar que tem como consenso a impossibilidade da vida social regida pelo mercado que visa somente o lucro máximo dos investimentos financeiros.
As manifestações dos indignados nos apresenta também um novo sujeito político de alcance global e difícil de ser apreendido. Ele é a novidade planetária e surpreende os rentistas e as suas serviçais autoridades políticas com sua grande capacidade organizativa e potencial político impressionante. As redes sociais funcionam para ele e os demais como grandes assembleias virtuais e meio de busca do consenso.
Estas manifestações merecem apoio. A marcha do dia 26 de outubro, Marcha dos 10 mil pelos 10% do PIB para a Educação, que está sendo convocada bem poderia expressar mais do que a insatisfação brasileira contra a subsunção da sociedade pelo mercado.

Divagando

  A rigor a esquerda latino-americana é radicalmente contra o neoliberalismo. A produção acadêmica dos anos 1990 para cá é um belo exemplo d...