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19.1.08

Baixo desempenho escolar na maioria das cidades brasileiras

O Blog do Demétrio Weber - Educação à Brasileira - linkado a O Globo, a partir da edição de 19 de janeiro de 2008, diz que somente 2% das cidades brasileiras, na primeira edição da Prova Brasil, tem alunos matriculados na 8º série com desempenho igual ou superior a 5 em leitura. Em 98% dos municípios, os estudantes têm desempenho abaixo de 5.

Para o autor do blog, a visibilidade desta tragédia decorre das efetivas ações avaliativas do MEC. Antes, diz ele, não tínhamos noção do desastre.

Eu particularmente discordo dele. Há muito já se sabe disto. Os exames oficiais (SAEB e ENEM, por exemplo) e os exames do PISA dão visibilidade a esta tragédia desde o final dos anos 1980. De lá para cá é, entretanto, preciso reconhecer que muita coisa foi feita, mas de cima para baixo. As políticas públicas, contudo, estão sendo ineficazes para a alteração do quadro. Fora as razões políticas, clientelistas, eleitoreiras etc, elas ainda não encararam o problema de frente, por exemplo com garantias de sustentabilidade no âmbito das escolas e salas de aula para que o quadro seja revertido. São pífias as medidas que chegam à sala de aula, ao cotidiano escolar onde está fincado o problema. É preciso investir no professor, nas salas de aulas, nos projetos escolares sérios. É preciso chamar as comunidades escolares e dar-lhes sustentabilidade. É preciso um projeto da sociedade brasileira para realizar a escola que pretende.

À propósito: é uma "furada" pensar um projeto escolar nacional referenciado a competências e habilidades, isto é, ao atendimento às necessidades imediatas definidas pela reestruturação produtiva. Isto não garante saberes importantes para a emancipação do sujeito. As pesquisas indicam que tal reestruturação das escolas nestas bases somente subsumem-nas às exigências mais vorazes do capital. Penso que nossa alternativa está na adoção de um currículo integrado, no qual o trabalho tenha o status privilegiado de princípio educativo.

Apostar que as demandas da globalização devem imprimir rumos à educação é ingenuamente aceitar que a sociabilidade do capital é perene e que os indivíduos podem se emancipar para a fruição das delícias terrenas nos limites definidos pelo capital.

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