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26.10.12

Entrevista ao Jornal Folha Dirigida – Jornalista Luan Monteiro – 26/10/2012.




LM - Alguns especialistas defendem que os mais ricos paguem uma taxa nas universidades públicas. Qual a visão do senhor sobre o tema?
ZG - O que alguns “especialistas” defendem a respeito da cobrança de taxas nas universidades públicas faz parte de um movimento ideológico de privatização deste país. Não concordo com eles de maneira alguma, até porque a universidade que eles propõem é uma universidade operacional, de serviços que somente interessa aos centros hegemônicos produtores de conhecimentos com alto valor agregado.

LM - O senhor acredita que essa medida irá gerar mais oportunidades para a população mais pobre? É mais eficiente que cotas?
ZG - Como pode gerar mais oportunidades para a população pobre, já beneficiada pelo sistema de cotas? Esta medida é uma ilusão perversa criada pela ideologia neoliberal. Ela parte do princípio que diversos estudantes iriam desistir de pagar pelo ensino público de qualidade, abrindo vagas para os mais pobres. Se acontecer, a universidade somente teria alunos pobres e perderia o seu caráter de universalidade, deixaria de atender a todos indiscriminadamente. O que estão pretendendo: dicotomizar de vez a sociedade brasileira, marcando claramente o que para ricos e o que é para pobres? Na essência esta medida dissimula preconceitos que a sociedade não mais pode tolerar. 

LM - Um dos argumentos utilizados é que este sistema poderá fortalecer o ensino privado. Tornando o ensino público e privado melhores. O senhor concorda?
ZG - Acredito que, de fato, esta argumentação seja favorável aos privatistas, ao fortalecimento dos seus empreendimentos educacionais. Mas, daí a dizer que melhora o ensino público e privado é uma falácia. As Instituições Públicas de Ensino Superior são os nossos maiores centros de pesquisas e as Instituições Particulares estão longe deste status. Não há comparação entre ambas, salvo algumas poucas exceções. À pergunta onde estão os melhores cientistas e professores deste país, a resposta é óbvia: estão nas instituições públicas de ensino superior e pesquisas. À exceção de umas poucas instituições religiosas, quais os grandes e médios grupos educacionais desenvolvem pesquisas de ponta importantes para a sustentabilidade do desenvolvimento do Brasil? Esta discussão, nestes termos ideológicos, coloca em risco a segurança científica do Brasil. 

LM - Para o senhor qual é o modelo educacional adequado para o Brasil?
ZG - Nós precisamos de um modelo educacional voltado para as nossas necessidades sociais. Nossas crianças e jovens precisam ser preparados nos diversos níveis escolares, e em todas as modalidades de ensino, para a construção de um projeto societal no qual o mais importante indicador seja o Índice de Felicidade e que, ao mesmo tempo, nos posicione bem junto às demais nações do Planeta. E nossa felicidade depende de nossa soberania em diversas áreas: educação, alimentação, habitação, segurança, saúde, transportes, comunicações etc. 

LM - Alguma outra consideração?
ZG - Apenas chamo a atenção do jovem jornalista para não fazer o jogo dos vendedores do Brasil. Estes o vendem por quaisquer 30 moedas estrangeiras.

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