A crise estrutural do capitalismo a cada dia solapa nossos direitos historicamente conquistados e nos impõe sacrifícios que rebaixam nossa qualidade de vida pessoal, social e planetária. Da mesma forma subsume diversas instituições, ONGs, partidos e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário aos seus interesses. O panorama político, econômico e social, face à crise cambial internacional e a perspectiva de moratória dos EUA, impõem-nos profundas reflexões e tomadas de posição. As manifestações que ocorrem na Espanha, Grécia e em diversos outros países membros da União Européia servem-nos de alerta e nos levam também a criticar profundamente a falta de ética na política brasileira, caracterizada pela corrupção dos nossos políticos, instituições, empresários e banqueiros.
O movimento Democracia Real Ya, constituído por trabalhadores e estudantes espanhóis nos serve de inspiração. Seu manifesto, possível de ser acessado no site http://www.democraciarealya.es/manifiesto-comun/, contesta duramente o funcionamento do sistema econômico e governamental na medida em que deixa de atender às prioridades sociais de igualdade, progresso, solidariedade, acesso à cultura, sustentabilidade ecológica, desenvolvimento, bem-estar e felicidade das pessoas, assim como deixa de garantir os direitos inalienáveis de moradia, trabalho, cultura, saúde, educação, participação política, livre desenvolvimento pessoal, e direito ao consumo de bens necessários a uma vida sã e feliz.
Sua radicalidade democrática critica a classe política de todas as esferas administrativas – federal, estadual e municipal – por se distanciar dos interesses do povo; buscar formas ilícitas de enriquecimento pessoal, familiar e dos seus apaniguados; e atender prioritariamente aos interesses dos grandes poderes econômicos. Critica ainda a selvageria da ânsia de acumulação de capital em detrimento do bem-estar da sociedade, do meio ambiente, da saúde, da habitação, da segurança social e dos empregos formais.
Conclama os trabalhadores e estudantes e a sociedade em geral a uma Revolução Ética, entendendo que o capital deve estar a serviço da sociedade em geral e não de uma minoria que sequer reconhece as necessidades dos sujeitos concretos anônimos, que têm desejos de realização pessoal, direitos de ser felizes, se amarem e compartirem as coisas boas da vida, e sem os quais seria impossível mover o mundo.
Muito embora o governo federal que temos tem grande apoio popular e vem apostando na retomada do desenvolvimento, no combate à pobreza e em grandes programas sociais, vale lembrar que é espreitado e pressionado por grupos impregnados pela selvageria do capital, sempre dispostos a se abaterem sobre os interesses da sociedade. Seus congressistas, financiadores de campanha, grandes empreiteiros, banqueiros e muitos empresários não se comovem com as agruras da sociedade, estes são os que precisam ser fustigados e coagidos, diminuindo-lhes os seus espaços de ação.
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