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29.11.12

Estudantes cotistas e evasão escolar

Segundo o Relatório CAIC, da Coordenadoria de Articulação e Iniciação Acadêmicas, da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, divulgado em novembro de 2012 ingressaram por vestibular no corrente ano 2.222 estudantes não cotistas e 915 cotistas (395 Negros, 502 Escola Pública e 18 Deficientes/Índigenas/Filhos de Bombeiros militares etc).
Desde 2003 até o presente, 3.196 cotistas concluiram os seus cursos: 191, no Centro Biomédico; 671, no Centro de Ciências Sociais: 1.161 no Centro de Educação e Humanidades; e 1.173 no Centro de Ciências e Tecnologia.
É impressionante, no entanto, a quantidade de estudantes cotistas que se evadem. Somente no primeiro semestre de 2012, evadiram-se 6.869 estudantes cotistas.
Diversas razões podem ser atribuidas ao fenômeno, a começar pela falta de políticas capazes de garantir a permanência e a conclusão dos cursos. Além de uma pequena bolsa de estudo praticamente não têm mais nenhum outro auxílio.
Algum estudo precisa ser feito para investigar as razões concretas desta evasão que, obviamente não afeta apenas os estudantes cotistas. No mesmo período evadiram-se 7.028 estudantes não cotistas.
Uma pista imediata é a possibilidade que os estudantes com poucos recursos econômicos passaram a ter de realizar matrículas em faculdades e universidades particulares com a utilização de bolsas do PROUNI (Programa Universidade para Todos) e com recursos do FIES - Fundo de Financiamento Estudantil. Tudo indica que esta é uma pista consistente.
O crescimento da oferta de ensino nas instituições privadas é crescente e já abrange quase 90% (noventa) da população em idade universitária.Segundo informes do jornal Folha de São Paulo o ramo privado da educação superior tem uma rentabilidade fantástica e as ações que vende na BOVESPA obtém valores acima da média das demais ações de qualquer setor da economia.
A despeito da qualidade de ensino que estas instituições privadas oferecem, regra geral muito abaixo da qualidade oferecida pelas instituições públicas, esta atração tem elevado preço social, desde que continue a existir sem controles eficientes.
A pressão desta atração sobre as instituições públicas de ensino superior é grande e pode levá-las a retrair o oferecimento de vagas em todos os seus cursos até se definharem por completo.
É igualmente preocupante o derrame de diplomas com a chancela da maioria das instituições privadas de ensino superior com baixo valor agregado no mercado de diplomas.
Tal derrame de diplomas, em sentido lato, precisa ser considerado com muita seriedade por toda a sociedade brasileira. A OAB já vive com muita intensidade o drama que este derrame lhe proporciona por ocasião de conceder licença profissional ao enorme contingente de advogados recém formados.
Sem qualquer exagero é possível afirmar que a continuidade deste derrame é um risco à sustentabilidade de qualquer projeto de desenvolvimento republicano, com independência, liberdade, democracia e equidade social.






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