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22.7.13

Entrevista concedida à jornalista Juliana Brito - Folha Dirigida. Caderno Educação - Julho de 2013

JB - O que significa, para os sr. o posicionamento do Brasil no ranking, que se manteve na 14° posição, a mesma do ano anterior?

ZG - Este estacionamento do Brasil nesta posição reflete nossos indicadores relativos à saúde, educação, concentração de renda, pobreza e igualdade de gênero. Apesar dos programas sociais do governo atual e de todos os esforços feitos nos últimos dez anos, a dívida social acumulada é muito grande considerando-se que os governos anteriores a este período pouco ou nada fizeram para diminui-la e preferencialmente quitá-la.

JB - Em especial, o Índice destaca o percentual de 5,7% aplicado na educação, o ano passado era de 5,1 %. Vemos que o investimento nessa categoria cresceu, no entanto, o país não viu resultados. O que falta ser feito? Acha que o percentual aplicado na educação deveria ser maior?

ZG - Considerando apenas o grupo de 20 países mais ricos do Planeta o Brasil se situa na 14ª posição, apesar de ter elevados os seus índices de investimento em educação. O Brasil manteve a mesma posição relativa que tínhamos em 2012 e isto é alvissareiro. No entanto, falta ainda aumentar mais os gastos em educação e qualificá-los, fazendo-os chegarem efetivamente às salas de aulas. Nossos investimentos são três vezes menores quando comparados aos países desenvolvidos.

JB - Enquanto no Brasil as crianças ficam 14,2 anos na escola, em média, nos países desenvolvidos as crianças ficam na escola ao redor de 16,5 anos. No Brasil, em média, os adultos passaram 7,2 anos na escola, enquanto que nos países desenvolvidos a média está próxima dos 12 anos. Acha que esse é um dos fatores que mantiveram o Brasil na 14° posição?

ZG - A LDB (Lei 9394/1996) aumentou o tempo de escolaridade obrigatória para 12 anos. Hoje a criança é incluída em nosso sistema educacional com a idade de 6 anos e penso que isto deveria ocorrer mais cedo para alcançarmos o patamar dos países do G-20. Mas isto de pouco adianta quando as escolas não são de tempo integral e se não se objetiva a educação de qualidade social, isto é, uma educação que é atenta às dimensões socioeconômicas e culturais dos estudantes e das suas famílias, que dispõe de efetivas e eficientes políticas e financiamentos, e que transforme os espaços escolares em lugares de aprendizagens e vivências significativas e democráticas. A educação de nossas crianças e jovens não é um gasto. Enquanto não nos dispusermos a elevar os nossos gastos e a propiciar uma educação de qualidade social corremos o risco de nos mantermos em posições inferiores ao restante dos países do G-20 e até de países de fora deste grupo de nações mais ricas.

JB - Qual o impacto do Indicador Anefac para o país, que se encontra, abaixo dos países desenvolvidos na questão da educação?

ZG - Este indicador é resultante de um conjunto de indicadores da ONU tendo como universo amostral os países do G-20. Como todo indicador permite estudos constantes acerca da evolução e da qualidade dos investimentos sociais e correções de seus rumos. Seu impacto para o país está no fato de indicar a necessidade de correção de rumos em nossas políticas sociais. É hora de investimentos qualitativos se queremos ter posições compatíveis com o tamanho de nossa economia. De fato, se somos a 7ª. economia do mundo seria razoável que, no mínimo, ocupássemos a 7ª. posição em indicadores de qualidade da educação, saúde, renda, distribuição de riqueza e igualdade de gênero seguindo os critérios do Indicador Anefac da ONU.

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