13.1.08

Esperteza tragicômica

As peripécias estudantis prosseguem e as surpresas seriam tão somente pitorescas, se não fossem dramáticas. Desta vez a esperteza para fraudar resultados em exames na China transformou-se em uma peça tragicômica.
Em Qingdao dois diferentes e desconhecidos estudantes universitários introduziram pontos eletrônicos nos ouvidos para se dar bem em um exame de inglês. Eles estariam na crista da onda chinesa de utilizar artefatos eletrônicos para colar em provas. E o estratagema é aparentemente simples. Alguém introduz o aparelhinho no ouvido e um colega, distante do local do exame, passa as respostas corretas. Para retirá-lo basta usar um imã e pronto.

O tiro porém saiu pela culatra. Não houve imã que desse jeito. O remédio foi buscar ajuda e somente com cirurgia os médicos os livraram dos pontos eletrônicos.

A dor e o vexame contudo não se traduziram em atitudes de retidão. Os dois estudantes solicitaram os aparelhos aos seus médicos e pensam utilizá-los na primeira oportunidade.

Os professores, face à publicidade do caso, é que estão sendo obrigados a tomar novas atitudes. Alguns professores de Qingdao já começaram a colocar nas salas de aula máquinas que bloqueiam as ondas de telefone celular.

Fico pensando a respeito das batalhas eletrônicas que ainda havemos de travar no futuro. Mas me pergunto, até quando o sistema educacional global deve insistir em processos educativos regulados por valores e ditames do mundo produtivo? Por que não nos contrapormos a essa força mercantil e reintrozir valores mais humanos, com base na ética e na moral indispensáveis às relações sociais tidas como fundantes de uma sociedade mais fraterna, justa e solidária?
Estes tempos de exacerbada competitividade geram situações iguais e ratificam a lógica individual do salve-se quem puder, não importando os meios utilizados e os preços pagos.

O que faremos?

(Publicado por Folha Online, 01/01/2008 - 06h02 am)

Um comentário:

Anônimo disse...

Amigo, simples não é, mas os concursos públicos têm que buscar outros critérios,outras formas de avaliar. O mesmo deve ocorrer com as avaliações de acompanhamento. HOje, me parece que no mundo todo, não há grandes diferenças.
Hugo

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