4.1.09

O Egito é aqui: violência escolar e burnout

Notícia publicada no G1/Globo do dia 25 de dezembro diz-nos que um profesor egípcio de matemática espacou até a morte um aluno de 12 anos porque não fez o dever de casa.Além de reguadas também esmurrou o estomâgo do garoto.
Este episódio é deveras lamentável, mas não é isolado. No Brasil são cada vez maiores os índices de violência nas escolas, com mortes de alunos e professores.
Obviamente uma única causa não explica o fenômeno, mas uma das principais está ligada à Síndrome de Burnout (já devidamente catalogada pela OMS), cujos componentes principais são a exaustão emocional, a despersonalização e a falta de envolvimento pessoal no trabalho.
Uma pesquisa encomendada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores envolvendo 39.000 trabalhadores em educação, publicada em 1999 no livro "Educação: carinho e trabalho" pela Editora Vozes, diz-nos que 31,9% têm baixo envolvimento emocional com o trabalho escolar; 25,1% apresentam sinais de exaustão emocional; e 10,7% sentem-se despersonalizados, isto é, consideram desumano seu trabalho e não se realizam com ele.
O que desencadeia esta síndrome?
Várias pesquisas indicam-nos que o Burnout é desencadeado pelos seguintes fatores sócio-organizacionais: disfunção do papel - conflito, ambiguidades e sobrecarga; problemas de desenvolvimento na carreira - impossibilidade de promoção, falta de segurança na posição; clima organizacional negativo - falta de participação nas decisões, falta de autonomia, excessiva formalização, falta de apoio por parte da direção; condições de risco no trabalho; e insuficiente nível salarial.

Na situação em que se encontra a carreira docente no Brasil e as condições de trabalho de professores e alunos, em breve vamos poder parafrasear o verso de Caetano Veloso: O Egito é aqui.

(Para o meu amigo Hugo Pinheiro)

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