Informes do UOL/DW-World.DE / Deutsche Welle nos dão conta da alarmante situação da Alemanha no que diz respeito à preocupante falta de professores de Ciências, Matemática e Física. Teme-se que o déficit em pouco tempo chegue a 40 mil professores e até possa ultrapassar esse número: na próxima década quase um milhão de professores irão se aposentar.
O que mais preocupa as autoridades alemãs é a pequena demanda pela profissão e o baixo nível daqueles que insistem em ser professores. As razões que as mesmas apontam estão ligadas à perda de prestígio do magistério básico, à imagem social dos professores, além de serem vistos como preguiçosos (6 semanas de férias e recesso), sobrecarregados (pilhas de trabalhos para corrigir, preparação de aulas, relatórios etc.) e responsáveis pelo baixo desempenho do alunado em exames comparativos tais como o do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). A situação é tão severa que já se pensa na importação de professores do Leste Europeu.
O que ocorre hoje na Alemanha não é, entretanto, uma exclusividade sua. No Brasil já são graves os indicadores desta mesma ocorrência e em breve poderemos estar vivendo drama semelhante ou maior. Em um estudo, do qual participamos, encomendado pelo CRUB (Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras) a pesquisadores da PUC-Rio, já tínhamos o indicativo em 1995 de que cada 10 concluintes dos cursos de licenciaturas em Geografia, Ciências, Matemática e Física somente três ingressavam no magistério público, e desses apenas um permanecia após cinco anos. Os demais buscavam postos de trabalhos mais promissores, com melhor remuneração e perspectiva de progressão na carreira em empresas do setor privado. Da realização dessa pesquisa aos dias de hoje, o déficit destes professores em nossas escolas públicas só tem aumentado.
Nossas autoridades pouco fizeram e fazem a respeito. Elas continuam dormindo em berço esplêndido, despreocupadas, talvez se valendo da possibilidade imediata de contar com os “Amigos da Escola”, da futura importação de professores de países africanos de língua portuguesa ou do Timor Leste ou, pior, pouco se ligando quanto ao futuro das novas gerações e do próprio País.
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