2.1.11

O velho discurso neoliberal de Sérgio Cabral em 2011

Enquanto a Presidente Dilma Rousseff aponta para um novo futuro da educação pública brasileira reconhecendo que “só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação”, o recém empossado Governador Sérgio Cabral insiste em seu discurso de posse que um regime de metas e mérito deverá situar o Rio de Janeiro entre os cinco melhores no ranking do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

É impressionante o conservadorismo neoliberal que o Governador transparece em seu discurso. Até os intelectuais orgânicos da Terceira Via criticam esta velha política neoliberal. Antony Giddens é claro a esse respeito, ao enfatizar que “o cultivo do potencial humano deveria na medida do possível substituir a redistribuição a priori”. Ele ainda adverte sobre os riscos da meritocracia, particularmente em seus efeitos imediatos de mobilidade descendente.

A meritocracia cria imediatamente cria um movimento que situa uns no topo, outros no meio e muitos na base colocando em risco a própria coesão indispensável ao corpo docente. Aqueles que são situados na base inferior das premiações, com muita rapidez, desenvolvem sentimentos de alienação e podem se sentir como párias, isto é, como professores incapazes. Nada mais deprimente e criador de desigualdades sociais.

A solidariedade comum que deve ser estimulada entre os professores e escolas vai para o lixo quando se criam dois grupos isolados: os que recebem as melhores premiações e aqueles que nada recebem ou recebem minimamente. Será que o Governador não percebe que ameaça o espaço público educacional?

Caro Governador, o professorado fluminense dispensa premiações a priori. Ele já disse o seu retumbante não às tentativas similares. Já foi para as ruas contra a meritocrática Nova Escola do Governo Garotinho; já deixou claro que suas reivindicações são outras, tais como eficiente plano de carreira, planos de saúde, vale transporte, vale cultura, escolas aparelhadas pedagogicamente, menos alunos por sala de aula, pessoal de apoio etc.

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