6.9.11

O entra e sai de secretários de educação no Estado do Rio de Janeiro

De 1988 até os dias de hoje, a Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro teve 18 titulares, somente contando-os a partir da Secretária Fátima Cunha (1988 a 1991). A média de permanência é muito baixa, as/os secretárias/os Fátima Cunha, Maria Yedda Linhares (1991-1993), Lia Faria (1999-2001) e Tereza Porto (2008-2010) permaneceram na chefia da pasta mais de um ano. Alguns sequer completaram um ano de gestão: Hésio Cordeiro (Jan/Out. de 1999) e Arnaldo Niskier (Mar/Dez de 2006), além das interinidades de Augusto Werneck (1996-1997) e Lia Faria (Out./Dez. de 1999).
Muita coisa se pode deduzir desse entra e sai, mas o que ele nos revela imediatamente é a falta de continuidade na política de educação do Estado do Rio de Janeiro. Se considerarmos que todos/as têm diferentes orientações provenientes de partidos políticos de como conduzir a política de governos para a educação pública não é difícil calcular o impacto desse entra e sai. Para termos um a ideia do seu tamanho e dos prejuízos que vem causando, basta lembrar as crises decorrentes das faltas de vagas no início de anos letivos; o estado estrutural das escolas; a falta de plano de cargos e vencimentos e os salários aviltados; a introdução de padrões de meritocracia, gratificações e competição por meio da Nova Escola; o déficit crônico de professores; as greves dos profissionais de educação etc.
Antes não havia como mensurar a proporção desse impacto sobre a qualidade da educação e o desempenho dos estudantes, mas agora com os processos massivos de avaliação (Prova Brasil, SAEB, ENEM etc.) e os indicadores de qualidade educacional, é possível apreender o seu efeito devastador. Desde 2007 até a última divulgação do Indicador da Educação Básica (IDEB), as unidades escolares do Estado do Rio de Janeiro vêm mantendo a média de 2,8 à frente apenas do Estado do Piauí no ensino médio.
Em seus discursos de campanha, o atual Governador, Sérgio Cabral, desde o primeiro mandato (Jan.2007/Dez. 2010)-, prometeu enfrentar de frente e com coragem o problema da educação pública do Estado do Rio de Janeiro. Suas medidas contudo, não tiveram qualquer efeito sobre a melhoria da qualidade da educação. Ele começou e terminou o seu primeiro mandato com o mesmo IDEB: 2,8. Seu primeiro Secretário de Educação, Nelson Maculan Filho, ficou como um general perdido no campo de batalha enviando professores recém-concursados para o front sem ter sequer uma estratégia de luta. O objetivo era tão somente ocupar as salas de aula, ainda que os professores estivessem sem exames médicos ou algum treinamento pedagógico para além do que receberam nos seus cursos de formação. A Secretária Tereza Porto, tal como o presidente Washington Luis para quem governar era abrir estradas, entendeu que todos os problemas da educação pública estadual poderiam ser resolvidos com a ajuda da informática. Distribuiu laptops para todos os professores e criou um sistema informatizado de controle da vida escolar e do trabalho docente, o Conexão Educação, sem cuidar das instalações elétricas, da manutenção etc. A distribuição de laptops para os professores foi como um presente para cada um, sem ter, entretanto, uma política de uso pedagógico. O próprio sistema Conexão Educação nunca disponibilizou uma plataforma com recursos pedagógicos de enriquecimento das aulas. Foi simplesmente o laptop pelo laptop.

Nenhum comentário:

Divagando

  A rigor a esquerda latino-americana é radicalmente contra o neoliberalismo. A produção acadêmica dos anos 1990 para cá é um belo exemplo d...