25.9.12

ONGs e transparência do caos educacional

Uma rápida pesquisa na Internet nos revela uma grande quantidade de ONGs interessadas na melhoria da qualidade das nossas pobres escolas públicas. Cito algumas só para exemplificar: Mutirão Digital, Educadores para a Paz, Ieonline, Parceiros da Escolas e outras tantas.
As ONGs ditas cidadãs que se voltam para a reivindicação dos direitos da cidadania atuam no âmbito das políticas públicas; no campo da educação procuram fornecer subsídios para sua elaboração e fiscalização. Aquelas mais ricas visam diretamente a reestruturação física e pedagógica das escolas públicas, como é o caso da ONG Parceiros da Escola.
O debate acerca da intervenção das ONGs na educação está em aberto. Há bons artigos a respeito, dentre os quais o que foi escrito por minha colega Neize Deluiz em parceria com Wânia Gonzalez e Beatriz Pinheiro. Intitula-se Ongs e Políticas Públicas de Educação Profissional: Propostas para a Educação dos Trabalhadores e está acessivel no site: http://www.senac.br/BTS/292/boltec292d.htm. E vale a pena ser lido.
Aqui agora tenho um único objetivo e muito simples: a despeito do significado privatizante desta intervenção na medida em que se dá no vazio deixado pelo Estado e da imposição de valores da sociedade capitalista, quero pensar (talvez com bastante ingenuidade) outro sentido para isto.
Considero estar sendo profícuo o debate entre estas ONGs e os professores. Considero também que  os empresários ou seus representantes encontram-se encurralados; não diante das penúrias físicas das escolas, mas diante de um professorado vitimizado. Precisam ver as caras e bocas de empresários quando tomam ciência das terríveis condições de trabalho, salários e falta de perspectivas da carreira docente. Só se quiserem continuar alienados, deixarão de ver os professores como vítimas das tenebrosas administrações educacionais. Eles, os empresários, já devem ter certeza de que os mais belos projetos que idealizam NÃO DEPENDEM SÓ DA BOA VONTADE DOS PROFESSORES PARA QUE SEJAM IMPLEMENTADOS E REALIZADOS. O regime de trabalho horista da maioria e a necessidade de complementar salários para uma sobrevivência digna não deixam tempo para mais nada nas escolas. Assim, é mesmo de perguntar: como recuperar alunos muito fracos, com grandes déficits de aprendizagem, durante a jornada de trabalho escolar? Ou, como desenvolver projetos extra-escolares ou não quando sequer há salas disponíveis e ambiente adequado?
E vai por ai afora!
O conhecimento in locum da tragédia educacional, e ai está minha esperança, pode levar as ONGs cidadãs a liquidar definitivamente com o autoritarismo da Secretaria e com as suas práticas de silenciamento da verdade e de responsabilização do professorado pelo mal-estar da educação pública. E aí vai minha sugestão: que tal a criação imediata de uma ONG para auditar e transparecer para a sociedade o caos que reina nos Núcleos Centrais da Educação Pública Brasileira?






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