10.1.21

Demagogia assassina





O recém-empossado prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, deu um grande fora ao comparar shoppings e escolas. Segundo pensa não há problema em abrir as escolas em pleno agravamento da pandemia de Covid-19 uma vez que os shoppings estão abertos há muito tempo. O alcaide, que de burro nada tem, se faz de bobo parecendo não saber distinguir os shoppings das escolas.

Se acaso, de fato, não souber a diferença vou lhe dizer. Senhor prefeito, a distinção é simples. Os shoppings são praças de comércio onde as pessoas saciam os seus desejos consumistas. Não há obrigação de ir e a responsabilidade é de cada um. As escolas, bem diferentes dos templos de comércio, são instituições sociais encarregadas da educação das nossas crianças e jovens. A Constituição Brasileira determina que ofereçam educação de qualidade e a frequência das crianças e jovens é obrigatória (Art. 47, § 3º da LDB, Lei 9394 de 1996). 

A abertura das escolas públicas municipais supõe respostas às seguintes questões: o Senhor Prefeito garante cumprir estritamente os protocolos de segurança? Responsabilizar-se-á se professores, funcionários e estudantes sofrerem contaminações? Garantirá tratamento adequado e gratuito aos infectados? 

Sem compromisso com as respostas a estas questões e as ações necessárias, a abertura das escolas compreende enormes e desnecessários riscos. Tamanha irresponsabilidade é entendível do ponto de vista das pressões realizadas pelos empresários de educação que ficam à mingua com as escolas fechadas. Abrir as escolas sem efetivas garantias de não-contaminação é demagogia assassina 


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