1.10.11

O Capital quer pautar o debate sobre a qualidade da educação brasileira


O Movimento Todos Pela Educação, como está no seu site institucional, é financiado exclusivamente pela iniciativa privada, e conta entre seus colaboradores e simpatizantes com representantes da sociedade civil organizada, educadores e gestores públicos. Seu objetivo é  contribuir para que o Brasil garanta a todas as crianças e jovens o direito à Educação Básica de qualidade. Ele tem apoio de grandes grupos privados, cujo número pode ser contado às centenas, incluindo entre eles o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), DPaschoal Pneus, Itaú, Gerdau Siderúrgica, Natura Cosméticos, Confederação Nacional da Indústria e poderosas agências de propaganda.

A preocupação do MTPE com a educação brasileira é oportuna, louvável e bem vinda, mas como apoio às únicas autoridades educacionais, o professorado, assim nomeado pela Presidente Dilma Roussef em seu discurso de posse. Qualquer interferência a mais é complicada, porque o capital não faz festa de graça.


No Congresso Internacional “Educação: uma Agenda Urgente” que acaba de realizar em Brasília, é clara a sua intenção de pautar todas as discussões: carreira docente, formação inicial do professor, regime de colaboração entre os entes federados, uso das avaliações nas práticas de sala de aula e na gestão educacional, definição das expectativas de aprendizagem, Educação integral, equidade e inclusão, e justiça pela qualidade da Educação.

Além disso, é integrante da mesma intenção conseguir juridicamente uma definição objetiva do que é “qualidade da educação”. Ah, a velha prática do capital! Objetivar absolutamente tudo, não lhe importando que outras expressões dos sujeitos praticantes de alguma ação sejam  desprezadas e anuladas. A robotização da vida parece ser o ideal do empresariado que não tem tempo a perder . Seu horizonte último é a sociedade racionalizada par excellence, eficiente e eficaz, produtiva e lucrativa como uma máquina. 
As primeiras reações ao ímpeto agressivo  e usurpador do MTPE já começam a aparecer em tempo e de forma contundente. A Carta Aberta que diversas entidades comprometidas com a educação pública brasileira remeteram-lhe (ver a matéria postada anteriormente) é formal, direta e seu conteúdo não poderia ser outro: este Movimento não tem o direito de pautar o debate; o meio educacional não lhe confere legitimidade para tanto. 


O MTPE somente é bem vindo como mais alguém interessado em ajudar a resolver o problema que vem se acumulando historicamente, diga-se de passagem com grande parcela de responsabilidade desta mesma fração social.Não lhe cabe o direito de submeter a educação pública aos seus interesses, menos ainda para formar a mão de obra que reivindica. Ela que construa os seus institutos para qualificá-la. A educação pública deve unicamente estar subordinada aos interesses gerais da sociedade e não aos de uma outra fração.

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