11.8.11

Gastos com a educação pública no Brasil

Marina Morena Costa, do iG São Paulo publicou em 10/08/2011 a matéria “Saiba quanto custa a sua educação”. Em tal matéria foi dito que “A educação é um dos principais investimentos das famílias brasileiras”, e com base em estudos do economista Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, afirmou que “a classe média chega a gastar até 25% de seu orçamento familiar com o ensino dos filhos”. A pesquisa do economista citado considera dados referentes às mensalidades das escolas particulares, cursos extracurriculares, alimentação, transporte e material didático, livros e revistas. Considerando que uma família de classe média com 4 pessoas tenha renda mensal de R$ 13.917,44 - seu gasto com a educação de dois filhos é igual R$ 3.479,36.
Agora vejamos a desproporção entre os gastos da classe média e os gastos do Brasil com a educação das crianças e jovens das classes populares matriculados nas escolas públicas. O Jornal O Globo, edição online do dia 16/02/2010, nos informa que o Brasil gasta por ano míseros 3,9% do seu PIB (no ano de 2010 totalizou a vultosa quantia de R$ 3,675 trilhões), bem abaixo da média mundial que é de 6,0%.
Gastos com a educação:

Educação Básica (total) R$ 2.632 - por mês: R$ 219, 33
Educação Infantil R$ 2.206 – por mês R$ 183,83
Ensino Fundamental (anos iniciais) R$ 2.761 – por mês R$ 230,08
Ensino Fundamental (anos finais) R$ 2.946 – por mês R$ 245,50
Ensino Médio R$ 2.122 – por mês R$ 176,83
Fonte: O Globo online, 16/02/2010.

Proporcionalmente o Brasil gasta mais com a corrupção do que com a educação dos seus futuros cidadãos. Segundo a FIESP a corrupção consome anualmente a quantia de R$ 69 bilhões de reais. Se esta quantia fosse aplicada em educação o número de matriculados na rede pública de ensino fundamental teria um acréscimo de 47%, ou seja mais 16 milhões de alunos teriam acesso à escola pública.

Agora imaginem se o Brasil investisse 10% do PIB, como a sociedade organizada exige...

5.8.11

Wilson Risolia viveria com o salário do professor do Estado?

Será que o Secretário de Estado de Educação do Rio de Janeiro, Senhor Wilson Risolia, seria capaz de viver com o salário que paga aos seus professores? R$ 765,66 por 16 horas semanais. Se este salário de “marajá” incorporar o aumento que oferece, exatos 3,5%, passará para R$ 865,30. Uma fortuna que fará a felicidade de qualquer professor do Estado do Rio de Janeiro.
Sinceramente não sei porque o SEPE insiste em desprezar esta proposta!

30.7.11

Por uma Revolução Político-Ética também no Brasil

A crise estrutural do capitalismo a cada dia solapa nossos direitos historicamente conquistados e nos impõe sacrifícios que rebaixam nossa qualidade de vida pessoal, social e planetária. Da mesma forma subsume diversas instituições, ONGs, partidos e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário aos seus interesses. O panorama político, econômico e social, face à crise cambial internacional e a perspectiva de moratória dos EUA, impõem-nos profundas reflexões e tomadas de posição. As manifestações que ocorrem na Espanha, Grécia e em diversos outros países membros da União Européia servem-nos de alerta e nos levam também a criticar profundamente a falta de ética na política brasileira, caracterizada pela corrupção dos nossos políticos, instituições, empresários e banqueiros.
O movimento Democracia Real Ya, constituído por trabalhadores e estudantes espanhóis nos serve de inspiração. Seu manifesto, possível de ser acessado no site http://www.democraciarealya.es/manifiesto-comun/, contesta duramente o funcionamento do sistema econômico e governamental na medida em que deixa de atender às prioridades sociais de igualdade, progresso, solidariedade, acesso à cultura, sustentabilidade ecológica, desenvolvimento, bem-estar e felicidade das pessoas, assim como deixa de garantir os direitos inalienáveis de moradia, trabalho, cultura, saúde, educação, participação política, livre desenvolvimento pessoal, e direito ao consumo de bens necessários a uma vida sã e feliz.
Sua radicalidade democrática critica a classe política de todas as esferas administrativas – federal, estadual e municipal – por se distanciar dos interesses do povo; buscar formas ilícitas de enriquecimento pessoal, familiar e dos seus apaniguados; e atender prioritariamente aos interesses dos grandes poderes econômicos. Critica ainda a selvageria da ânsia de acumulação de capital em detrimento do bem-estar da sociedade, do meio ambiente, da saúde, da habitação, da segurança social e dos empregos formais.
Conclama os trabalhadores e estudantes e a sociedade em geral a uma Revolução Ética, entendendo que o capital deve estar a serviço da sociedade em geral e não de uma minoria que sequer reconhece as necessidades dos sujeitos concretos anônimos, que têm desejos de realização pessoal, direitos de ser felizes, se amarem e compartirem as coisas boas da vida, e sem os quais seria impossível mover o mundo.
Muito embora o governo federal que temos tem grande apoio popular e vem apostando na retomada do desenvolvimento, no combate à pobreza e em grandes programas sociais, vale lembrar que é espreitado e pressionado por grupos impregnados pela selvageria do capital, sempre dispostos a se abaterem sobre os interesses da sociedade. Seus congressistas, financiadores de campanha, grandes empreiteiros, banqueiros e muitos empresários não se comovem com as agruras da sociedade, estes são os que precisam ser fustigados e coagidos, diminuindo-lhes os seus espaços de ação.

19.5.11

A quem responsabilizar pelo fracasso escolar?

O "especialista em educação" do Jornal Nacional (edição de hoje, 19 de maio de 2011, não titubeou ao emitir seu julgamento, responsabilizando uma escola com 1.2 no IDEB, situada em Goiânia, pela "aceitação da cultura do fracasso e de empurrar com a barriga". Também foi taxativo ao sentenciar que "a escola não tem indignação, não está preocupada em resolver esse problema", e que a indisciplina reinante traduz o descompromisso dos pais.

Vê-se que é uma vociferação apressada de um jovem economista, arauto da revista Veja e dos interesses da privataria em educação. Ele foi ligeiro no gatilho, sem prestar atenção à fala da diretora, que reproduzo na íntegra veiculada pelo JN:

Uma criança do 4° ano, aos 9 anos de idade, chega para a gente, infelizmente, não alfabetizado. A gente tem que fazer aquele preparo todinho de alfabetização e tentar colocá-lo no seu agrupamento o ideal para um aluno de 4° ano.

Uma outra análise desta fala da Diretora pode nos levar a outras reflexões que me parecem mais consistentes e que responsabilizam outros sujeitos. Vejamos. A Diretora diz que as crianças "chegam" sem alfabetização. Esta fala despercebida parece denunciar um perverso processo de entrada fora dos períodos regulamentares de matrículas ou, simplesmente, um processo de banimento de alunos de outras escolas em pleno ano letivo. Neste caso, a escola daquela Diretora, apesar de bem aparelhada, é levada a funcionar como um "depósito" de enjeitados.
Esta possibilidade, por mais absurda, não é descabida, eu mesmo já trabalhei numa escola que foi inaugurada somente com alunos e professores considerados "problemáticos" em outras escolas da mesma regional. Não é, portanto, incomum a existência "desligamentos" e transferências de alunos problemáticos e, como em idade escolar, por lei, não podem ficar perambulando pelas ruas, acabam indo parar numa escola que se vê obrigada a aceitar suas matrículas.

Ora, sendo assim torna-se necessário retirar o foco de responsabilização desta diretora e dos seus professores e deslocá-lo para as autoridades educacionais de Goiânia, questionando-as por que fazem vistas grossas a tal prática inaceitável de expurgo estudantil? A Diretora está fazendo o que pode, oferecendo aulas de reforço, fazendo "aquele preparo todinho de alfabetização" e tentando colocar os estudantes "no seu agrupamento ideal". Ela, há muito tempo, já deveria estar contando com a ajuda imediata da Secretaria de Educação local para elevar o IDEB da sua escola.

Com base na literatura mais recente que estuda o fracasso escolar (Arroyo e outros autores), a responsabilização por uma situação semelhante deve recair não sobre a Diretora ou os seus professores isoladamente, mas sobre os administradores educacionais do núcleo central. Ela, os seus professores, estudantes e famílias são grandes vítimas de descaso oficial, de políticas públicas inadequadas. É uma caso típico para o Ministério Público agir imediatamente, ainda mais quando há salas cheias e crianças em estado de indisciplina permanente.

O sr. Ioschpe "comeu mosca" em seus julgamentos a partir de observações muito superficiais e aligeiradas, possivelmente por não estar atualizado com a literatura educacional mais recente. Nos textos acadêmicos, até por volta de meados dos anos 1980, os alunos eram considerados os mais legítimos responsáveis pelos seus fracassos - havia, inclusive, as turmas para alunos AE (alunos excepcionais). Depois, entre os anos 1980 e 1990, as conclusões apontaram os professores como os grandes culpados pelo fracasso escolar. A frase característica deste tempo era esta: "os professores fingiam que ensinam e os alunos fingem que aprendem". Somente dos anos 1990 para cá é que a literatura começou a destacar crônicos problemas estruturais e o descaso das autoridades públicas com os sistemas educacionais das suas áreas de competências.

18.5.11

A verdade que cala

Meus caros leitores

Vale a pena dar uma olhada neste video: http://www.youtube.com/watch?v=7iJ0NQziMrc.
É a fala verdadeira, incontestável e candente de uma professora do Rio Grande do Norte.

http://www.youtube.com/watch?v=7iJ0NQziMrc

17.5.11

Capes e bolsas - depois dos desacertos o acerto

A Capes comeu mosca no Ofício Circular nº 32/2011 em que suspendeu o pagamento de bolsas a pós-graduandos com vínculo empregatício. Felizmente corrigiu em tempo a besteira que ia cometendo. Os bolsistas podem continuar com as bolsas recebidas e a Capes esclarece o critério para as novas concessões: "podem receber bolsas com vínculos empregatícios anteriores à entrada nos programas de pós-graduação stricto sensu todos aqueles que são professores de educação básica, professor substituto, tutor da UAB e profissional de saúde pública continuam valendo".

Segundo o seu Presidente, sr. Jorge Almeida Guimarães, "As portarias que tratam dessa questão mencionam claramente que são áreas de interesse do Estado. Permitir que professores da escola pública façam mestrado – sobretudo mestrado profissional, mas também acadêmico – recebendo bolsa é o principal objetivo. Estes, repito, nós consideramos interesse do Estado. O acúmulo, então, é permitido e vai continuar sendo."

Esta afirmação do Presidente da Capes foi publicada na página da Capes nesta Terça feira, 17 de Maio de 2011 às 12:25. (http://www.capes.gov.br/)

Faço votos para que a Capes com a mesma presteza, revise também os seus novos conceitos de avaliação da pós-graduação, por exemplo ponderando o estabelecimento de QUALIS para livros... Muitos dos seus conceitos atuais estão impregnados de valores próprios dos homens de negócio do mercado empresarial. O Qualis livro só beneficia às editoras, consolida a máfia editorial e faz engordar os seus lobbies. Daqui há pouco vamos ter de pagar "luvas" para publicar nas editoras com qualquer nível qualis.

8.5.11

Educadores contestam artigo da "Veja"

http://carosamigos.terra.com.br/index/index.php/correio-caros-amigos/1604-que-bom-que-os-sindicatos-de-trabalhadores-da-educacao-preocupam-os-sacerdotes-da-privataria-e-seus-bracos-ideologicos

O MEC Avança, mas o Problema Central Continua Intocado

O Ministério da Educação do Brasil, sob a liderança de Camilo Santana, tem sido bastante ativo ao propor um conjunto de medidas voltadas à m...