13.7.16

O jogo está na mesa... façam as suas apostas.

O caráter gerencial da gestão de Wilson Risolia à frente da Secretaria de Estado de Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ) suscitou inúmeras reclamações. De fato, o monitoramento das escolas por meio da GIDE (Gestão Integrada da Escola), estabelecimento de metas de desempenho escolar com vistas à elevação do IDEB (Indicador de Desenvolvimento da Educação Básica), bonificação por desempenho, exonerações de diretores e funcionários por práticas inadequadas etc deixou o professorado de cabelos em pé e, nomeadamente o Sindicato Estadual de Profissionais de Educação. Foram oito de anos de muita tensão entre as partes.
Contudo, o aspecto geral da educação pública do Estado teve melhoras significativas a começar pela elevação do IDEB, permitindo alçar de um vergonhoso penúltimo lugar para a quarta melhor média nacional. Inúmeras escolas foram reformadas melhor aparelhadas e houve muitos concursos para as direções, coordenações pedagógicas e outras funções. Adoção e cumprimento de um currículo mínimo, padronizando a sua oferta em todas as escolas da rede estadual. As paralisações grevistas foram sensivelmente reduzidas.

O secretário que o substituiu por indicação de um novo governador, o Sr. Antônio Neto, deitou-se em berço esplêndido e se encastelou em seu gabinete, sem qualquer aprofundamento das ações ou melhoramento pedagógico, pessoal ou físico da educação e da rede física de escolas. A apatia e o fechamento de canais de diálogo com  professores, sindicato e estudantes foi a característica da sua gestão, que somada a práticas autoritárias haveria de favorecer a irrupção de greves e ocupação de escolas, tamanho o descalabro gestor. A própria sede da SEEDUC foi ocupada pelos estudantes do movimento "Ocupa Escolas". Em termos econômicos deitou no ralo todos os investimentos anteriores.

Um novo secretário, o engenheiro e administrador de empresas, o Sr. Wagner Victer, assumiu a direção da SEEDUC em meio ao caos e com uma prática no campo da educação adquirida à frente da FAETEC (Fundação de Apoio de Apoio à Escola Técnica). Suas primeiras ações no sentido de apagar o incêndio provocado pela gestão anterior, denotam mais populismo do que sinais de um projeto de educação de qualidade. Promete um novo sistema de avaliação em substituição ao Sistema de Avaliação do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ) para avaliar o desempenho dos estudantes do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio, em exames de Português e Matemática. Sua proposta, bastante elogiada pelo SEPE, é que o novo exame seja feito em parceria com os professores. Além disso, aceitou todas as pautas dos movimentos docente e de ocupação das escolas,  destacando-se a reserva de um terço da carga horária docente para  atividades extra-classe, descentralização e fim da terceirização da perícia médica, publicação em Diário Oficial dos adicionais incorporados aos salários por curso de formação. Seu grande "projeto" é o de levar a profissionalização técnica como opção aos alunos do Ensino Médio.

Os dois anos pós-Risolia não apresentam sinais alvissareiros para a educação pública do Estado do Rio de Janeiro. O aperfeiçoamento da gestão anterior é o que deveria ser o norte para aprofundar e consolidar as boas práticas realizadas, corre o risco de se perder em nome da simples administração de conflitos. A experiência de Victer no gerenciamento de crises e em cargos na Petrobrás, Cedae e FAETEC é a sua grande bagagem a serviço da educação do Estado, nada mais do que isto. Em nenhum momento entra em cogitação um chamado à comunidade educacional fluminense para discutir um projeto de educação de qualidade referenciada socialmente. Fala-se apenas em profissionalização técnica, eleições para diretores, novas avaliações com a participação de professores e administração de crises.

Façam as suas apostas... o jogo está na mesa. A minha aposta é a mais pessimista possível.



                                             




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