1.3.09

Nova moda pós-carnaval: mães cariocas vão para as salas de aulas como auxiliares docentes

A Secretária Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro, Cláudia Costin, anuncia mais uma medida esplendorosa para elevar o desempenho de alunos de escolas em áreas de riscos. Segundo informes do jornal O Estado de São Paulo, edição de 1º de março de 2009, ela vai recrutar mães da comunidade escolar para atuar em parceria com professores nas salas de aula em troca de uma ajuda de custo para transporte e alimentação.
Pior do que isto é o resultado da enquete feita pelo mesmo Jornal: “Mães da comunidade devem auxiliar professores nas salas de aula?”. 68% dos respondentes disseram que sim.
Duas especialistas também se pronunciaram a favor e contra. Obviamente “fecho” com a professora da PUC-SP, MARIA STELA SANTOS GRACIANI, que assim se expressou: Não creio que as mães possam ajudar a melhorar a qualidade das relações escolares sem uma formação adequada. Falta-lhes tempo até para orientar sua prole, principalmente no que se refere a limites, normas societárias, respeito e regras civilizatórias.
A professora tem razão e traz à luz duas questões importantes. Primeiro: a autoridade materna é distinta da autoridade docente; elas não se confundem, uma não se reduz à outra. A segunda, está ligada à qualidade das relações sociais na sociedade capitalista que considera ser natural uma família viver com sobretrabalho para constituir uma renda mínima, em residências apertadas e promíscuas em áreas não-urbanizadas.
O que me impressiona, e muito, é a capacidade da Secretária de inventar modas! Sempre me pergunto por que sua insistência de não chamar as Faculdades de Formação de Professores, públicas e particulares, a participarem da recuperação do desempenho acadêmico dos estudantes das nossas escolas públicas? A questão educacional é social e não pode oscilar segundo vontades pessoais que no máximo duram quatro anos.
Os alunos dos cursos de Pedagogia e das Licenciaturas, depois de concluído o básico, têm condições ideais para ajudar os professores, falam a mesma linguagem e dominam os mesmos conteúdos. Convênios bem feitos poderiam até poupar as ajudas de custo; a participação destes estudantes poderia ser computada em horas de estágios obrigatórios.
Penso que a Secretaria de Educação faria melhor criando políticas de apoio escolar doméstico para que os estudantes façam as lições de casa, compareçam de banhos tomados e devidamente uniformizados, e que sejam atenciosos com os seus professores. Parte do baixo desempenho dos estudantes é o absenteísmo, o descaso com o ofício discente que supõe historicamente responsabilidade com as obrigações escolares, o apreço aos saberes escolarizados...
A valorização da escola e a elevação do desempenho dos estudantes não são modismos passageiros, nem motivo de ações demagógicas e eleitoreiras. É coisa urgente e séria.

Quando a escolha é péssima

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