Os professores da rede pública do Estado do Rio de Janeiro vão começar o ano letivo usando microfones a tiracolo. Receberão 20.420 microfones sem fio, com amplificadores, para evitar problemas de voz e diminuir o quantitativo de licenças por doenças vocais.
É uma medida necessária, mas não é prioritária. Há coisas mais urgentes, como por exemplo passe livre nos meios de transporte, assistência social de qualidade, vale refeição, plano de carreira, acesso gratuito aos eventos culturais do estado, melhores salários etc.
Esta distribuição de microfones, antes que sejam resolvidas outras questões docentes e pedagógicas, soa como demagógica, eleitoreira, comprometida com os fabricantes desta parafernália.
A inauguração do Colégio Estadual Luis Carlos da Vila é uma medida prioritária e sem demagogias. Ele abrigará 2.500 alunos de ensino médio regular e profissionalizante, assim como alunos EJA. Terá laboratórios de ciências, informática e idiomas. Sua biblioteca será construida em prédio anexo.
25.1.09
12.1.09
Entrevista ao jornal "O Estado de São Paulo"
Grupo estuda novo modelo após fim do sistema de ciclos no Rio
Data: 12/01/2009
Veículo: O ESTADO DE S. PAULO - SP
Editoria: VIDA
Jornalista(s): Alexandre Rodrigues
Assunto principal: ENSINO SUPERIOR
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
OUTROS
Ano letivo no município começa com revisão em português e matemática
Escalada pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), para cumprir a promessa de campanha de suspender os ciclos de progressão continuada adotados em 2007 na rede municipal pelo ex-prefeito Cesar Maia (DEM), a nova secretária da Educação, Cláudia Costin, admite a possibilidade de retomar o sistema. Ao acabar por decreto com o que foi rotulado no debate eleitoral de aprovação automática, Paes criou uma comissão para estudar um novo modelo educacional.
No sistema de ciclos, o aluno só pode ser reprovado ao final de cada etapa (de dois ou três anos). Segundo Cláudia, os ciclos serão reabilitados se o grupo entender que esse é o melhor caminho. "Criamos um programa de trabalho que vai propor um novo sistema, propondo se voltaremos ou não aos ciclos e, se voltarmos, como. Pessoalmente, sou simpática à ideia de ciclos, mas tem que ser bem implantada. Do jeito que está, não vale a pena", disse Cláudia ao Estado. Em sua primeira semana no cargo, ela ouviu depoimentos de diretores sobre a falta de condições nas escolas para o acompanhamento minucioso que os ciclos exigem, chegando a casos como de alunos do 6º ano que não sabem ler e escrever.
"Temos de diminuir a reprovação, mas nem a sociedade nem as autoridades estão convencidas no momento de que a saída do problema da aprendizagem é o ciclo", diz Cláudia, que foi secretária de Cultura do Estado de São Paulo. Ela está preocupada em manter um dos pressupostos dos ciclos: o de que a velocidade do aprendizado é diferente entre os alunos, que precisam de cuidado individual.
Embora a prefeitura tenha restabelecido a reprovação, Cláudia quer as escolas envolvidas para evitá-la. Por isso, determinou que todos os alunos da rede municipal passarão por uma revisão dos conteúdos de português e matemática da série anterior nos primeiros 45 dias do ano letivo. No fim do período, uma prova vai indicar quem passou sem aprender e precisa da recuperação especial ao longo do ano. "Queremos identificar precocemente os que não dominam o conteúdo da série anterior. Não queremos chegar ao fim do ano e ter a surpresa de que um aluno vai ser reprovado. Pior do que a aprovação automática é a reprovação automática", diz Cláudia. "Nem sempre o aluno não domina o conteúdo por falta de esforço. Cerca de 32% dos alunos no Brasil são reprovados na 1ª série. É um menino de 7 anos. Ele não é malandro."
Para o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio, o fim dos ciclos uma vitória. "É um passo importante. O governo anterior adotou o sistema de forma autoritária, sem ouvir os professores. É preciso ter menos alunos por sala e profissionais bem remunerados", disse Vera Nepomuceno, coordenadora do sindicato.
Para Zacarias Gama, professor da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, as constantes mudanças nos sistemas de progressão e avaliação prejudicam os alunos. "Pesquisas mostram que a falta de continuidade causa impacto negativo nos alunos e professores. É preciso um alinhamento da escola nas decisões políticas, que levam mais em conta as demandas políticas do que as do professorado."
Apesar de o Ministério da Educação não se posicionar a favor ou contra os ciclos, a secretária de Educação Básica da pasta, Maria do Pilar Lacerda, não esconde seu entusiasmo com o sistema, que ajudou a implementar em Belo Horizonte quando era secretária. Ela concorda que a resistência ao fim da reprovação em meio à disputa eleitoral simplificou a proposta sob o rótulo "aprovação automática". "As pessoas acham que, se não houver reprovação, não há aprendizado. É uma mudança grande de cultura. O MEC não é a favor nem contra. Somos contra a aprovação automática, mas também contra a cultura da reprovação. O foco é a aprendizagem", diz ela.
Data: 12/01/2009
Veículo: O ESTADO DE S. PAULO - SP
Editoria: VIDA
Jornalista(s): Alexandre Rodrigues
Assunto principal: ENSINO SUPERIOR
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
OUTROS
Ano letivo no município começa com revisão em português e matemática
Escalada pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), para cumprir a promessa de campanha de suspender os ciclos de progressão continuada adotados em 2007 na rede municipal pelo ex-prefeito Cesar Maia (DEM), a nova secretária da Educação, Cláudia Costin, admite a possibilidade de retomar o sistema. Ao acabar por decreto com o que foi rotulado no debate eleitoral de aprovação automática, Paes criou uma comissão para estudar um novo modelo educacional.
No sistema de ciclos, o aluno só pode ser reprovado ao final de cada etapa (de dois ou três anos). Segundo Cláudia, os ciclos serão reabilitados se o grupo entender que esse é o melhor caminho. "Criamos um programa de trabalho que vai propor um novo sistema, propondo se voltaremos ou não aos ciclos e, se voltarmos, como. Pessoalmente, sou simpática à ideia de ciclos, mas tem que ser bem implantada. Do jeito que está, não vale a pena", disse Cláudia ao Estado. Em sua primeira semana no cargo, ela ouviu depoimentos de diretores sobre a falta de condições nas escolas para o acompanhamento minucioso que os ciclos exigem, chegando a casos como de alunos do 6º ano que não sabem ler e escrever.
"Temos de diminuir a reprovação, mas nem a sociedade nem as autoridades estão convencidas no momento de que a saída do problema da aprendizagem é o ciclo", diz Cláudia, que foi secretária de Cultura do Estado de São Paulo. Ela está preocupada em manter um dos pressupostos dos ciclos: o de que a velocidade do aprendizado é diferente entre os alunos, que precisam de cuidado individual.
Embora a prefeitura tenha restabelecido a reprovação, Cláudia quer as escolas envolvidas para evitá-la. Por isso, determinou que todos os alunos da rede municipal passarão por uma revisão dos conteúdos de português e matemática da série anterior nos primeiros 45 dias do ano letivo. No fim do período, uma prova vai indicar quem passou sem aprender e precisa da recuperação especial ao longo do ano. "Queremos identificar precocemente os que não dominam o conteúdo da série anterior. Não queremos chegar ao fim do ano e ter a surpresa de que um aluno vai ser reprovado. Pior do que a aprovação automática é a reprovação automática", diz Cláudia. "Nem sempre o aluno não domina o conteúdo por falta de esforço. Cerca de 32% dos alunos no Brasil são reprovados na 1ª série. É um menino de 7 anos. Ele não é malandro."
Para o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio, o fim dos ciclos uma vitória. "É um passo importante. O governo anterior adotou o sistema de forma autoritária, sem ouvir os professores. É preciso ter menos alunos por sala e profissionais bem remunerados", disse Vera Nepomuceno, coordenadora do sindicato.
Para Zacarias Gama, professor da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, as constantes mudanças nos sistemas de progressão e avaliação prejudicam os alunos. "Pesquisas mostram que a falta de continuidade causa impacto negativo nos alunos e professores. É preciso um alinhamento da escola nas decisões políticas, que levam mais em conta as demandas políticas do que as do professorado."
Apesar de o Ministério da Educação não se posicionar a favor ou contra os ciclos, a secretária de Educação Básica da pasta, Maria do Pilar Lacerda, não esconde seu entusiasmo com o sistema, que ajudou a implementar em Belo Horizonte quando era secretária. Ela concorda que a resistência ao fim da reprovação em meio à disputa eleitoral simplificou a proposta sob o rótulo "aprovação automática". "As pessoas acham que, se não houver reprovação, não há aprendizado. É uma mudança grande de cultura. O MEC não é a favor nem contra. Somos contra a aprovação automática, mas também contra a cultura da reprovação. O foco é a aprendizagem", diz ela.
4.1.09
O Egito é aqui: violência escolar e burnout
Notícia publicada no G1/Globo do dia 25 de dezembro diz-nos que um profesor egípcio de matemática espacou até a morte um aluno de 12 anos porque não fez o dever de casa.Além de reguadas também esmurrou o estomâgo do garoto.
Este episódio é deveras lamentável, mas não é isolado. No Brasil são cada vez maiores os índices de violência nas escolas, com mortes de alunos e professores.
Obviamente uma única causa não explica o fenômeno, mas uma das principais está ligada à Síndrome de Burnout (já devidamente catalogada pela OMS), cujos componentes principais são a exaustão emocional, a despersonalização e a falta de envolvimento pessoal no trabalho.
Uma pesquisa encomendada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores envolvendo 39.000 trabalhadores em educação, publicada em 1999 no livro "Educação: carinho e trabalho" pela Editora Vozes, diz-nos que 31,9% têm baixo envolvimento emocional com o trabalho escolar; 25,1% apresentam sinais de exaustão emocional; e 10,7% sentem-se despersonalizados, isto é, consideram desumano seu trabalho e não se realizam com ele.
O que desencadeia esta síndrome?
Várias pesquisas indicam-nos que o Burnout é desencadeado pelos seguintes fatores sócio-organizacionais: disfunção do papel - conflito, ambiguidades e sobrecarga; problemas de desenvolvimento na carreira - impossibilidade de promoção, falta de segurança na posição; clima organizacional negativo - falta de participação nas decisões, falta de autonomia, excessiva formalização, falta de apoio por parte da direção; condições de risco no trabalho; e insuficiente nível salarial.
Na situação em que se encontra a carreira docente no Brasil e as condições de trabalho de professores e alunos, em breve vamos poder parafrasear o verso de Caetano Veloso: O Egito é aqui.
(Para o meu amigo Hugo Pinheiro)
Este episódio é deveras lamentável, mas não é isolado. No Brasil são cada vez maiores os índices de violência nas escolas, com mortes de alunos e professores.
Obviamente uma única causa não explica o fenômeno, mas uma das principais está ligada à Síndrome de Burnout (já devidamente catalogada pela OMS), cujos componentes principais são a exaustão emocional, a despersonalização e a falta de envolvimento pessoal no trabalho.
Uma pesquisa encomendada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores envolvendo 39.000 trabalhadores em educação, publicada em 1999 no livro "Educação: carinho e trabalho" pela Editora Vozes, diz-nos que 31,9% têm baixo envolvimento emocional com o trabalho escolar; 25,1% apresentam sinais de exaustão emocional; e 10,7% sentem-se despersonalizados, isto é, consideram desumano seu trabalho e não se realizam com ele.
O que desencadeia esta síndrome?
Várias pesquisas indicam-nos que o Burnout é desencadeado pelos seguintes fatores sócio-organizacionais: disfunção do papel - conflito, ambiguidades e sobrecarga; problemas de desenvolvimento na carreira - impossibilidade de promoção, falta de segurança na posição; clima organizacional negativo - falta de participação nas decisões, falta de autonomia, excessiva formalização, falta de apoio por parte da direção; condições de risco no trabalho; e insuficiente nível salarial.
Na situação em que se encontra a carreira docente no Brasil e as condições de trabalho de professores e alunos, em breve vamos poder parafrasear o verso de Caetano Veloso: O Egito é aqui.
(Para o meu amigo Hugo Pinheiro)
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