A rigor a esquerda latino-americana é radicalmente contra o
neoliberalismo. A produção acadêmica dos anos 1990 para cá é um belo exemplo do
esforço que se fez de combate ao liberalismo e suas variações vindas de várias
partes do mundo. É interessante nisto tudo uma certa dissociação entre a teoria
e a prática, muito clara em setores que se deixaram contaminar mesmo
fazendo as mais ferrenhas críticas.
A querida Marilena Chauí nos disse com todas as letras que o
pós-modernismo era a ideologia do neoliberalismo, mas muita gente desprezou
esta sua afirmação. E o pós-modernismo grassou sem que houvesse grande
preocupação com a sua expansão como tiririca-do-brejo e os seus efeitos
daninhos.
No campo da educação isto significou um derrame de diplomas
sem conteúdo porque a sentença neoliberal inculcou que o mercado é o grande
juiz, é ele quem seleciona os melhores. E junto com tal sentença veio para o
proscênio das nossas vidas o darwinismo social. Os donos de instituições
particulares a interpretaram literalmente, afinal reprovar algum estudante
medíocre significava perder dinheiro, deixasse a sua reprovação para o mercado
de trabalho.
As artes não ficaram para trás. Afirmando que a criatividade
morreu, liberaram o campo até para quem estivesse destituído do mínimo talento.
Nas palavras de Jameson, “nesse
ambiente, as imagens, os signos, tudo parece dado a uma apreciação estética, imediatista
e presentista, sem nenhum projeto crítico amplo que o dê suporte e sentido”. Tudo,
absolutamente tudo, na ausência das críticas típicas do modernismo, o campo
artístico foi inundado pelo pastiche, na maioria das vezes em sua forma mais efêmera
e cínica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário