18.11.22

Divagando

 

A rigor a esquerda latino-americana é radicalmente contra o neoliberalismo. A produção acadêmica dos anos 1990 para cá é um belo exemplo do esforço que se fez de combate ao liberalismo e suas variações vindas de várias partes do mundo. É interessante nisto tudo uma certa dissociação entre a teoria e a prática, muito clara em setores que se deixaram contaminar mesmo fazendo as mais ferrenhas críticas.

A querida Marilena Chauí nos disse com todas as letras que o pós-modernismo era a ideologia do neoliberalismo, mas muita gente desprezou esta sua afirmação. E o pós-modernismo grassou sem que houvesse grande preocupação com a sua expansão como tiririca-do-brejo e os seus efeitos daninhos.

No campo da educação isto significou um derrame de diplomas sem conteúdo porque a sentença neoliberal inculcou que o mercado é o grande juiz, é ele quem seleciona os melhores. E junto com tal sentença veio para o proscênio das nossas vidas o darwinismo social. Os donos de instituições particulares a interpretaram literalmente, afinal reprovar algum estudante medíocre significava perder dinheiro, deixasse a sua reprovação para o mercado de trabalho.

As artes não ficaram para trás. Afirmando que a criatividade morreu, liberaram o campo até para quem estivesse destituído do mínimo talento. Nas palavras de Jameson, “nesse ambiente, as imagens, os signos, tudo parece dado a uma apreciação estética, imediatista e presentista, sem nenhum projeto crítico amplo que o dê suporte e sentido”. Tudo, absolutamente tudo, na ausência das críticas típicas do modernismo, o campo artístico foi inundado pelo pastiche, na maioria das vezes em sua forma mais efêmera e cínica.

 

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